quinta-feira, junho 25, 2009

FSSPX, estado de necessidade e heresia luterana


É triste constatar como o farisaísmo monstruoso de certas pessoas só tem paralelo na sua estupidez colossal. Os do costume vêm agora arguir que a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X está a afrontar a pessoa do Papa Bento XVI, e que falta àquela a razão quando tenta legitimar as ordenações sacerdotais do próximo Sábado com a invocação da existência de um estado de necessidade na Igreja.

Esta postura merece-me três comentários:

1º) Acho muito curioso que aqueles que constantemente afrontam o Santo Padre, desobedecendo e atacando com ferocidade o seu magistério sobre matérias como o divórcio, a regulação artificial da natalidade, o aborto, a eutanásia, o emparelhamento de homossexuais e a ordenação de mulheres, surjam agora farisaicamente escandalizados com uma imaginária afronta da FSSPX à pessoa do Papa, que de resto nem sequer se sabe qual possa ser, dado Roma já haver informado publicamente que nada tem a declarar sobre este assunto. Os que assim procedem não passam de mentirosos canalhas pertencentes a uma raça infernal de víboras! É caso para dizer: Por que reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro da tua vista, tendo tu uma trave na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão. (Mt 7, 3-5)

2º) Existe à evidência um grave estado de necessidade na Igreja. A FSSPX afirma-o, mas em tal afirmação é corroborada pelo… Papa. Bento XVI reconheceu a existência desse estado de necessidade, ao menos para as situações específicas da França e da Alemanha, na reunião que manteve com Monsenhor Fellay, no Vaticano, no dia 29 de Agosto de 2005. E insiste no reconhecimento dessa existência na carta que escreveu aos bispos do mundo inteiro, datada de 10 de Março último, quando sustenta o seguinte: No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O verdadeiro problema neste momento da nossa história é que Deus possa desaparecer do horizonte dos homens e que, com o apagar-se da luz vinda de Deus, a humanidade seja surpreendida pela falta de orientação, cujos efeitos destrutivos se manifestam cada vez mais.

Ora, como é que se pode ter chegado a este ponto calamitoso, sem que haja um estado de necessidade na Igreja? Obviamente que há um estado de necessidade na Igreja! O Papa di-lo!

3º) Os episcopados alemão e austríaco, como o constata qualquer pessoa que consulte com alguma regularidade o excelente blogue "Cathcon", são dos mais radicalmente dominados pelo espírito do V2, aceitando e propagando todo o fundamental das teses heréticas modernistas e progressistas, numa linha que os reconduz no fundamental - a eles, sim - aos ensinamentos do heresiarca Lutero! Pois de onde vêm a negação do carácter sacrificial propiciatório da Missa e sua redução a uma mera ceia, a recusa da aceitação da Tradição como fonte de revelação, a crença na salvação universal independentemente das obras, a prevalência do livre exame privado sobre o magistério ou a minimização do sacerdócio ministerial face ao sacerdócio comum dos fiéis? Perante este quadro, só um cretino chapado é que pode ter a pretensão de enquadrar a FSSPX no âmbito do luteranismo! Ora, a FSSPX é antes refutação de todas estes erros e a reafirmação do catolicismo de sempre. E também por isto deve ignorar as pretensões abusivas dos bispos alemães e seguir adiante com a sua obra de defesa da tradição católica! A começar já pelas ordenações do próximo Sábado!

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