quinta-feira, maio 07, 2009

Dois Estados irremovivelmente independentes; duas Nações fraternalmente solidárias


Na sequência de um comentário feito pelo amigo "In diebus illis", a propósito da canonização de São Frei Nuno de Santa Maria, deparei providencialmente com o texto que abaixo transcrevo. Há uns dias que matutava publicá-lo. O notável artigo que o Rafael escreveu sobre a mesma questão, impeliu-me a concretizar tal desejo. Aqui fica, pois, o texto em causa:

Portugal e Espanha são obrigados a viver paredes meias na Península; a boa ou má vizinhança favorece-os ou prejudica-os a ambos. Muitas vezes em oito séculos de vida Portugal lutou contra a Espanha ou contra Estados espanhóis, para manter ou consolidar a sua independência; muitas vezes também lutou a seu lado contra terceiros. Este traço é característico e resume a em si a História das relações peninsulares: dois Estados irremovivelmente independentes; duas nações fraternalmente solidárias. Não sei porquê, mas a liberdade e a independência da Espanha parecem ser postulado da política portuguesa; e na última crise mais uma vez se fez ouvir a voz da História e Portugal se manteve fiel à tradição. (…)

Em todos os domínios onde era livre a nossa acção ajudámos no que pudemos o nacionalismo espanhol e a civilização cristã (…) arrostando com más vontades, ameaças e perigos; umas vezes acompanhados, algumas vezes sós e guiados apenas por mais exacto conhecimento das situações e mais clara visão dos interesses da Europa ocidental, que através de tudo pretendíamos defender; sem cansaço, sem desânimo, sem cálculo, fomos desde a primeira hora o que deveríamos ter sido - amigos fiéis da Espanha, no fundo peninsulares. Despendemos esforços, perdemos vidas, corremos riscos, compartilhámos sofrimentos; e não temos nada a pedir nem contas a apresentar. Vencemos - eis tudo.


Salazar - discurso de 22 de Maio de 1939, citado por Mendo Castro Henriques e Gonçalo de Sampaio Mello, in "Salazar - Pensamento e Doutrina Política - Textos Antológicos", Lisboa e São Paulo, Verbo, 2007, páginas 350 e 351.

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