domingo, maio 24, 2009

Breves - 22

- Confesso que não fazia má impressão da pessoa de Paulo Rangel; porém, a recente entrevista por ele concedida retirou-me quaisquer ilusões que pudesse ter acerca da sua pessoa. Nesta, revela-se um vulgar oportunista político, afirmando não o que pensa e sente, mas tão-só aquilo que supõe ser politicamente correcto declarar perante a chamada opinião pública. Isto para além de demonstrar ignorância crassa sobre os deveres dos católicos na política e de manifestar absoluto desconhecimento de um documento de importância fulcral como o é a "Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao empenhamento e comportamento dos católicos na vida política", aprovado pelo Papa João Paulo II, no ano de 2002. Assim como que a modos de um Joseph Biden lusitano. Graças a Deus que em Portugal ainda existe um sacerdote católico corajoso, que logo chamou à razão o autor de tão escandalosa entrevista. Bem-haja o Padre Nuno Serras Pereira, que sozinho faz mais pela defesa da doutrina católica do que toda a Conferência Episcopal Portuguesa em conjunto!

Quanto ao Partido Social Democrata, pelo qual Paulo Rangel se apresenta às eleições europeias, parece ter descoberto com este candidato, na disputa da terra de ninguém que é o centro político, o anticatolicismo contemporâneo bem pensante, supondo que com tal postura atrairá eleitorado proveniente do Partido Socialista e até do Bloco de Esquerda. Puro delírio! Desta maneira, o PSD caminhará antes a passos largos para a total extinção, se continuar a defender a tese de que é ao centro-esquerda que se ganham as eleições, se insistir em ser uma pálida imitação do PS, pois na medida em que o eleitor prefere sempre o produto original às imitações, nessa área ideológica o PS terá sempre vantagem face ao PSD. Não está mal apanhada a coisa, para um partido que diz pertencer à família da democracia cristã europeia…

Na verdade, sem uma matriz doutrinária bem definida, ao sabor dos ventos das modas ideológicas, o PSD não passa de um sindicato de interesses oportunistas que só pensam em gozar tanto quanto possam a coisa pública em proveito privado, de forma em tudo idêntica à do PS. Ora, os católicos tradicionais, bem como a direita dos valores, não podem ter nada a ver com esta enorme falta de moral de uma agremiação que já não hesita em atacar abertamente o magistério ordinário constante da Igreja, a propósito de matérias como a anticoncepção artificial, o emparelhamento de homossexuais ou a ordenação de mulheres.

- Das grandes manifestações de fé pública ocorridas no passado fim-de-semana em Lisboa e Almada, por ocasião da comemoração do cinquentenário da inauguração do Monumento de Cristo-Rei já falaram com muita propriedade os meus amigos João Marchante e Afonso Miguel. Pela minha parte, deploro apenas a lamentável nota pastoral redigida pelo episcopado português a propósito de tão magna ocasião. Os nossos bispos, em vez de aproveitarem a excelente ocasião que se lhes proporcionava para reafirmarem publicamente a Realeza Social de Cristo ou, ao menos, sublinharem a necessidade imperiosa de a sociedade portuguesa continuar a ser ordenada e enformada segundo uma matriz eminentemente cristã, optaram por redigir um documento imbuído do pior espírito de ruptura pós-conciliar, fazendo a apologia de um laicismo positivo que é a mais total negação do Reinado de Cristo.

Pergunto eu: laicismo positivo, mas que é isso? Conceito desconhecido para o Beato Pio IX, Leão XIII, São Pio X ou Pio XI que condenaram o laicismo sem mais, não diferenciando nele o positivo do negativo. Laicismo positivo? Será aquele que facilita ao máximo a dissolução do casamento pelo divórcio, que descriminaliza o aborto a simples pedido, que distribui livremente pelas escolas preservativos e a pílula do dia seguinte, e que proximamente consagrará os emparelhamentos de homossexuais e a eutanásia? Mas, afinal, quando é que os bispos portugueses ganharão juízo e passarão a assumir um discurso efectivo de bispos católicos? Quando?!

- Com respeito ao laicismo, é lamentável que haja quem continue a bramar a necessidade de separação entre a lei religiosa e a lei civil, abanando o espectro do fundamentalismo islâmico e a este associando com notória má fé os católicos tradicionais. Desconhecem os analfabetos que assim procedem, ainda que porventura travestidos de títulos de doutores da mula ruça, que a cidade cristã da civilização ocidental nunca foi uma teocracia e que nela sempre imperou a separação entre a lei religiosa e a lei civil. Bem distinto é o curto-circuito que tais energúmenos pretendem provocar, sob a aparência de defenderem a dita separação: de facto, eles visam antes a cisão entre a lei natural e a lei positiva, com o consequentemente consagrar da soberania ilimitada da vontade humana, desiderato máximo de um outro fundamentalismo - o ateísta - que foi o primeiro e principal responsável por todas as barbáries totalitárias ocorridas ao longo do século XX.

- Leio as notícias sobre a publicação, na Irlanda, do relatório da comissão que investigou os abusos sexuais sobre menores cometidos por membros da Igreja Católica. Como fiel católico, causa-me profunda impressão que tais pessoas, que pelo seu especialíssimo estatuto deveriam ser exemplos de piedade e santidade, tenham conseguido descer até ao nível mais abjecto do escândalo. Estou também consciente de que os imbecis do costume vão aproveitar mais esta ocasião para propulsionarem a sua fúria anticatólica. Para eles, a culpa destes acontecimentos é do celibato sacerdotal e da moral sexual católica, que reputam de desumana por inexequível. Para mim, ela reside antes na perda do sentido do pecado ocorrida em muitos destes sacerdotes e religiosos católicos durante todo o século XX, fruto notório da propagação das teses da nova teologia progressista entre os mesmos. Com os resultados à vista de todos…

- Foi-me solicitada a sua divulgação pelo responsável do projecto e faço-o com muita gosto: aí está o Pope2You, o novo sítio do Vaticano especialmente dirigido aos jovens e destinado à difusão da mensagem do Papa nos novos fóruns da Internet.

0 comentários: