quarta-feira, outubro 17, 2007

A marcante experiência da Tradição


O nosso amigo Pedro Guedes esteve em Paris, na Igreja de Saint Nicholas du Chardonnet, onde assistiu à celebração da Missa segundo o rito tradicional latino-gregoriano. O que ele nos conta coincide quase ponto por ponto com o que eu próprio escrevi aqui há dois anos, igualmente depois de ter passado pela grande igreja parisiense da Fraternidade de São Pio X, e que agora recordo em parte:

12 de Outubro, Missa Solene em Saint Nicholas du Chardonnet. Apesar de ser final de tarde de um dia útil, a belíssima igreja parisiense tinha cerca de dois terços da sua lotação ocupada, boa parte dela por jovens, que os modernistas bem gostariam de ver presentes nos seus enfadonhos e paupérrimos serviços religiosos. Contudo, que pode um rito totalmente artificial, nascido torto e nunca endireitado, contra o rito latino-gregoriano de sempre e de todos os santos, quinze vezes secular, e que expressa, com toda a reverência e sacralidade, a grandiosidade da fé católica? Depois de hora e meia de intensa espiritualidade, para a qual o latim, o incenso, a música de órgão, e o cântico gregoriano deram uma poderosa ajuda, e sem que ninguém arredasse pé ou mostrasse enfado, a Missa terminou com fiéis a cantarem o "Ave de Fátima" em francês; alguns, porém, e não apenas eu, como o confirmaram os meus ouvidos, fizeram-no em português.

Nos dias seguintes, estive de novo em Saint Nicholas: numa delas, enquanto se celebrava a Missa no altar-mor, constatei que num dos altares laterais, exactamente o dedicado a São Nicolau, se rezava simultaneamente outra Missa. Contrariando-se o abuso modernista das concelebrações, reafirmava-se assim a boa doutrina tradicional sustentada pelo Papa Pio XII, na encíclica "Mediator Dei": "Toda a vez, com efeito, que o sacerdote repete o que fez o divino Redentor na última ceia, o sacrifício é realmente consumado e tem sempre e em qualquer lugar necessariamente e por sua intrínseca natureza, uma função pública e social, enquanto o ofertante age em nome de Cristo e dos cristãos, dos quais o divino Redentor é Cabeça, e oferece a Deus pela Santa Igreja Católica e pelos vivos e defuntos. E isso se verifica certamente, quer assistam os fiéis - e desejamos e recomendamos que estejam presentes numerosíssimos e fervorosíssimos - quer não assistam, não sendo de nenhum modo requerido que o povo ratifique o que faz o sagrado ministro". Quantas mais Missas ditas, tanto melhor!

Fotografia: Altar lateral dedicado a São Nicolau, em Saint Nicholas du Chardonnet

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