segunda-feira, abril 16, 2007

Breves - 21


- Atormentado pela indisponibilidade de tempo livre e acometido pelo cansaço físico e mental, fruto do excesso de trabalho que me continua a perseguir e também do facto de já ter gozado as últimas férias há oito meses, a verdade é que me tem faltado tanto a capacidade como a vontade para actualizar este espaço com mais regularidade, sem prejuízo de não esquecer os meus leitores e de continuar a reflectir sobre a actualidade, pelo que aqui deixo mais um conjunto de "Breves".

- Apesar de há muito não escrever acerca da questão do prometido "Motu Proprio"papal sobre a plena libertação da Missa tradicional de rito latino-gregoriano,
por motivos que oportunamente expliquei, parece-me de assinalar a importante evolução ocorrida nas últimas semanas quanto a esta matéria: em entrevista concedida ao parisiense "Le Figaro", o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, confirmou a existência do referido "Motu Proprio", bem como a intenção do Papa Bento XVI em levar avante a sua publicação, sem contudo ter precisado qualquer data para a ocorrência de tal evento. Ora, a este propósito, recomendo a leitura de um dos mais recentes artigos do Professor Orlando Fedeli, da Associação Montfort, o qual, em resumo e fundadamente (no que é corroborado pelo sempre bem informado "Rorate- Caeli"), sustenta que o "Motu Proprio" há-de inevitavelmente acabar por vir à luz do dia.

- E enquanto se aguarda a chegada do "Motu Proprio", merece ser destacada a homília proferida por Sua Santidade no passado dia 25 de Março, Terceiro Domingo da Quaresma, ao recordar aquela que é talvez a mais impopular de todas as verdades de fé para as mentes modernas e modernistas: a existência do Inferno, lugar de perdição eterna para todos os que morrem privados voluntariamente da graça divina. É certo que Cristo, pelo seu sacrifício na Cruz, redimiu totalidade dos homens, e através da Igreja coloca à disposição destes últimos os meios próprios - os sacramentos e os sacramentais - para perseverarem na graça que permite a salvação final e o evitar de tão terrível destino; mas na base de tal salvação há-de estar a vontade livremente assumida de cada homem de optar pelo bem ou mal, com o aceitar de todas as consequências que de tal escolha decorrem. Em resumo,
o Papa dá mais uma machadada vigorosa a um dos erros brotados do nefasto "espírito do V2", ou seja, o da salvação universal de todos os homens, independentemente dos méritos que revelem.

- E, de resto, como não poderia existir o Inferno, quando no mundo contemporâneo os seus agentes, mais do que em qualquer outra época da História, manifestam com ardor toda a sua fúria e ódio contra Cristo e a verdade por Ele revelada, de que a Santa Igreja Católica é depositária?

- Dia 10 de Abril de 2007, mais uma data coberta de infâmia para o sistema político português: o Presidente da República, Cavaco Silva, traindo a sua base de apoio eleitoral, numa actuação calculista de baixa política e em nome da manutenção de uma falsa estabilidade que não passa de pura conivência com o erro mais abjecto, promulgou a lei que liberaliza a prática do aborto em Portugal. Que diferença para pior relativamente ao Rei Balduíno I dos Belgas, o qual em 1990 se recusou a apor a sua assinatura numa lei com igual conteúdo na Bélgica, facto que levou o parlamento desse país, dominado por forças partidárias de matriz jacobina e socialista, a ameaçá-lo com a deposição do trono! Cavaco Silva, demonstrando à saciedade toda a sua inépcia para o combate doutrinário político puro e confirmando a sua crassa mediocridade tecnocrática, revela-se neste caso um estranho híbrido de Rei Herodes criminoso e de Pôncio Pilatos cobarde.

- No momento em que escrevo este artigo, estou a ouvir na
Rádio Cristiandad uma magnífica conferência proferida por Monsenhor Richard Williamson sobre a mensagem de Fátima. Este bispo da Fraternidade de São Pio X reside presentemente na Argentina, onde exerce as funções de Reitor do Seminário de La Reja. A Argentina! Talvez seja o melhor país do mundo para a tradição católica, como diz o Rafael! Belo país que produziu uma plêiade de homens como Leonardo Castellani, Júlio Meinvielle, Hugo Wast, Bruno Jordan Genta, Carlos Sacheri ou Alfredo Saenz, entre outros. Bom, seguido de perto pelo Brasil de Gustavo Corção e de Dom António de Castro Mayer, que eu não quero criar conflitos entre os meus muitos, bons e pacientes leitores de ambos os países!

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