terça-feira, setembro 12, 2006

De volta

De volta, após um mês dividido entre os Açores - Ilha de Jesus, também conhecida por Terceira - e o Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Eu gosto muito Açores, de me sentir absolutamente em casa no meio do Atlântico, da religiosidade convicta e do portuguesismo firme dos seus habitantes, das suas belíssimas paisagens naturais, enfim, da forma calma e tranquila como por lá o tempo ainda passa e a vida decorre. Outrossim, admiro o notável património histórico-monumental que constitui a lindíssima cidade de Angra - a que regressei pela terceira vez em sete anos -, autêntica antecâmara da imensa obra civilizacional que os portugueses realizaram em latitudes mais meridionais no outro lado do Atlântico, no Novo Portugal chamado Brasil, em locais como Ouro Preto, Congonhas, Tiradentes, ou São João Del Rei, que pondero conhecer num futuro não muito distante. Haja tempo e meios, e Deus o queira! Por ora, sugiro aos meus leitores - pelo menos, aos que vivem em Portugal e Espanha - um salto até aos Açores, com passagem obrigatória por Angra.

Do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, é bastante dizer que aí se aliam algumas das melhores e mais amplas praias portuguesas - ademais com os únicos índices de ocupação humana e edificação urbanística que um tradicionalista consegue suportar, ou seja, os menores possíveis -, a um fresquíssimo peixe e marisco, que ainda cai mais a preceito se for bem acompanhado por um não menos fresco, mas igualmente tradicional, "Cartuxa" branco de Évora.

À "Casa de Sarto", durante um mês inteiro disse nada; contudo, ficou ela bem entregue ao meu amigo Rafael, que por aqui tem feito um excelente trabalho. Pela minha parte, desfrutei bem esta paragem: voltar a sentir o prazer das férias grandes do meu antigamente, embrenhar-me sem preocupações de tempo na leitura, deitar literalmente abaixo um livro a cada dois dias.

E que leituras destaco?

Pois, "Sobre as Falésias de Mármore", de Ernst Jünger (que também gostava muito dos Açores…), uma apologia dos valores eternos da honra, lealdade e cavalheirismo, em suma, da nobreza de carácter contra a barbárie plebeia, e por isso mesmo uma obra mais actual do que nunca, já que a sua crítica profunda está muito longe de se cingir à ideologia inicialmente visada pelo autor; "Self Improvement", de Rudolf Allers - psicólogo católico austríaco (1883-1963), que exerceu a parte final da sua carreira nos Estados Unidos -, um trabalho que inesperadamente me marcou sobre o aperfeiçoamento da personalidade humana; e, "Scarlet Memorial", de Zengh Yi, dissidente chinês exilado nos EUA, que relata a selvajaria atingida pelo maoísmo durante a revolução cultural chinesa, período em que se chegou ao extremo de utilizar o canibalismo como forma de eliminação dos adversários políticos. Definitivamente, o comunismo sempre foi nocivo para a saúde dos homens…

Num outro plano, realço "The Spirit of the Liturgy", originalmente escrito em 1999 pelo então Cardeal Ratzinger, e onde o actual Papa Bento XVI sufraga uma postura basilarmente tradicional em matéria litúrgica, a qual se anseia que tão breve quanto possível seja repercutida directamente na sua actuação pontifícia; e, acima de tudo, o extraordinário "Devastated Vineyard" (li-o em tradução francesa intitulada "La Vigne Ravagée"), escrito pelo grande Dietrich Von Hildebrand, verdadeiro gigante defensor da tradição, e que neste livro fulcral, de presença obrigatória na biblioteca de todos os verdadeiros católicos - demole com enorme coragem e sem concessões todos os lugares comuns da heresia modernista e progressista que desola Igreja desde o desastre do V2. A este último regressarei brevemente aqui n'"A Casa de Sarto", para dá-lo a conhecer melhor aos meus leitores.

Enfim, como já disse, permitiram as férias que me revigorasse física e espiritualmente, algo de que andava bem necessitado: regresso agora às lides da blogosfera, ainda que com a devida parcimónia por uma questão de equilíbrio pessoal, familiar e profissional, sendo minha intenção actualizar este espaço - cujo combate não renego -, e até ver mais, cerca de duas a três vezes por semana. !

JSarto

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