domingo, março 28, 2004

Soneto da Conquista

Ó grandes cavaleiros afonsinos,
bailando no terreiro da capela,
deixai moças da Maia e verdes pinos,
que é tempo agora de saltar p'r'a sela!

E rompe a cavalgada ao som dos sinos,
- e galga matagais que a morte gela…
Os que tornarem, graves peregrinos,
Irão depois em voto a Compostela.

"Por Santiago!"
E a terra se dilata.
Ao longe o Tejo é campo cor de prata,
a cuja orla a hoste se detém.

Brilha o sinal de Cristo sobre os peitos.
E os cavaleiros, sempre insatisfeitos,
voltam cismando no que está p'ra além…

António Sardinha - Pequena Casa Lusitana

0 comentários: